History, Historians, and Traumatic Pasts

A história, os historiadores e os passados traumáticos

Abstract:
20th-century experiences of political violence have motivated discussions about history as a field and about historians and their social functions. In Brazil, such reflections have been fostered by historiographic transformations and public debates about the country’s civil-military dictatorship (1964–1985). This essay explores some of the questions that this traumatic past raises for history and historians. Although inspired by the Brazilian case, it proposes various generalizations and comparisons.
DOI: dx.doi.org/10.1515/phw-2021-18865.
Languages: English, Português



As experiências de violência política do século XX motivaram debates sobre a história enquanto campo e sobre os historiadores e suas funções sociais, desde a crítica sobre a exemplaridade e orientação expressas na ideia de não-repetição até as controvérsias quanto a presença desses profissionais na execução de políticas de memória, ou seja, sua atuação nos espaços públicos.

A história, os historiadores e as comissões da verdade

No Brasil, essas reflexões foram impulsionadas pela criação e pelo trabalho da Comissão Nacional da Verdade (CNV) [1] e pela recepção da história pública.[2] Passada uma década desses acontecimentos, neste texto procura-se analisar questões que a gestão dos passados traumáticos e a história pública suscitaram à história e aos historiadores. Essa análise é inspirada na elaboração de políticas de memória no Brasil, bem como na cultura historiográfica brasileira, sendo possíveis algumas generalizações e comparações, referenciadas ao longo do texto.

Comissões de verdade são instituições criadas com o objetivo de esclarecer violações de direitos humanos. Podem constituir políticas de memória mais amplas, e realizarem seu trabalho em contextos de justiça de transição.

Do ponto de vista historiográfico, essas comissões suscitam inúmeras discussões teórico-epistemológicas, como a noção de verdade, as relações entre história e memória e as articulações temporais, e em relação às funções sociais dos historiadores e ao giro ético-político da historiografia.[3] Neste texto, interessam as demandas sociais à história e aos historiadores e suas contribuições a partir de suas práticas e seus saberes em se tratando de passados traumáticos.

Um primeiro debate que pode ser realizado é a relação entre a história e as comissões da verdade. As narrativas históricas podem contribuir nos processos de reparação ao recuperar circunstâncias das violações de direitos humanos, nomeando as vítimas e os responsáveis pelos crimes. Para Dominique LaCapra, a inscrição desses episódios permitiria desenvolver a elaboração do luto ao realizar um “funeral simbólico”, restituindo às vítimas a dignidade que seus verdugos lhes negaram.[4]

Porém, para uma efetiva contribuição nesses processos de luto e reparação seria preciso que a historiografia utilizasse conceitos e teorias específicos, que permitissem a incorporação dos relatos de violação dos direitos humanos. Essa foi uma reflexão realizada por Daniel Feierstein para o caso argentino, analisando as diferenças na construção da memória social sobre a última ditadura (1976-1983) através dos usos de conceitos como “guerra”, “terrorismo de Estado”, “crimes contra a humanidade” e “genocídio”, esse último sua escolha conceitual e teórica.[5] O autor afirma que a conceituação empregada para caracterizar e explicar os fenômenos dos anos 1970 naquele país pode contribuir ou obstaculizar os processos de elaboração o passado, pois as narrativas históricas não são neutras, tendo efeitos e consequências subjetivas e sociais, possibilitando retraumatizações, perpetuação da impunidade, prolongação do terror.[6]

Esta é uma discussão bastante complexa. Como afirmado no início deste texto, diferentes acontecimentos do século XX fizeram com que as demandas aos historiadores extrapolassem a compreensão, a explicação e a interpretação do passado. Expressões como “dívida histórica”, “justiça histórica”, “responsabilidade histórica” e “tribunal da história” tornaram-se frequentes em debates públicos e em produções historiográficas. Da mesma forma, os passados traumáticos costumam ser referenciados socialmente como uma história “mal contada”, caracterizada por distorções, omissões e silêncios, exigindo que historiadores elaborem uma história “bem contada”, uma “história verdadeira” ou uma “versão definitiva” sobre esses acontecimentos.

De maneira geral, quando se fala em “reparação” como uma demanda à história e aos historiadores, não se fala necessariamente em punição, dimensão da justiça penal, mas a uma forma de justiça compensatória [7] ou retributiva,[8] no estabelecimento de narrativas históricas que estabeleçam nexos causais e determinem quem são as vítimas e quem são os responsáveis pelas violações de direitos humanos.

Essa demanda costuma ser apresentada como uma “dívida histórica”, numa compreensão do presente como um fardo pesado sobre o presente e o futuro,[9] “um passado que não passa”, que gera obrigações, como o dever de memória. Se há uma dívida a ser reparada, é porque houve alguma injustiça – no caso da “injustiça histórica”, a ausência de um reconhecimento social do crime, dos criminosos e das vítimas; portanto, é necessário saldá-la, e essa “prestação de contas” com o passado implica a elaboração de uma narrativa como uma “contabilidade moral”, imputando responsabilidades.[10]

Desta forma, a história poderia contribuir como uma forma de resistência às políticas de esquecimento e silenciamento e ao negacionismo, que visam a destruição da história e da memória dos inimigos. Mas, certas demandas sociais encaminhadas à história e aos historiadores não podem ser cumpridas, principalmente no que diz respeito à função pedagógica da história vinculada à ideia da não-repetição: infelizmente, não há como garantir um “nunca mais”.

Quanto à presença de historiadores como comissários nessas comissões, não existe consenso entre os profissionais. Se os favoráveis justificam sua postura argumentando que os historiadores poderiam contribuir com sua expertise de crítica documental, fornecendo uma versão historiográfica sobre o passado, e não somente memorial,[11] os contrários afirmam que alguns pressupostos dessas comissões são incompatíveis com a disciplina e o ofício do historiador.[12]

História pública e passados sensíveis

Como dito anteriormente, a participação de historiadores em comissões da verdade levaria à problematização de alguns aspectos profissionais, bem como de sua função social. Essas indagações aproximam-se de um aspecto particular da recepção e apropriação da história pública no Brasil, de despertar entre seus praticantes uma postura de autorreflexividade sobre a prática do historiador e sobre seus públicos.[13]

Primeiramente, quanto aos aspectos profissionais, trabalhar em comissões da verdade possibilita aos historiadores a prática da história pública, realizando um trabalho colaborativo [14] e de “autoridade compartilhada” com demais profissionais e com testemunhas, além da preservação de memórias (arquivos e iniciativas memoriais) e da difusão do conhecimento histórico (divulgação científica da história).

Alessandro Portelli, por exemplo ao estudar o massacre nas Fossas Ardeatinas, ocorrido em Roma em 1944, afirmou que sua contribuição enquanto historiador extrapolava a “reparação” ou a “restituição”, estando presente “na elaboração e na articulação dos conhecimentos da comunidade e na disseminação desse conhecimento para além de sua fronteira.”[15] Através do trabalho dos historiadores, em colaboração com outros atores envolvidos nas comissões de verdade, seria possível contribuir na construção da memória social sobre os passados sensíveis. E, a partir desse processo, as sociedades poderiam realizar seus “juízos morais coletivos”, conforme explicita María Pia Lara.[16]

Em relação às dimensões da função social suscitadas pelos passados traumáticos, os historiadores podem contribuir explicitando os modos de funcionamento das “batalhas de memória” e da circulação e do consumo de história, apresentando suas estratégias, suas táticas e seus projetos. Por exemplo, em relação ao negacionismo, suas intervenções no debate público são muito importantes não somente para apresentar uma crítica histórico-factual para a desconstrução dos argumentos negacionistas, mas também para explicitar que essa narrativa é uma estratégica ideológica e propagandística de projetos políticos antidemocráticos e anti-intelectuais.

Nesse sentido, mais que instituir uma “verdade factual”, operação igualmente importante, os historiadores reforçariam que, se a história é composta de múltiplas versões sobre o passado, nem todas as versões são aceitáveis, pois nem todas essas narrativas baseiam-se em rigores científicos e compromissos éticos. O discurso negacionista, desta forma, deveria ser caraterizado como uma operação ideológica e propagandística de um projeto político antidemocráticos e anti-intelectuais. O negacionismo, caracterizado por uma retórica marcada por distorções, idealismos e justificativas, tem por objetivo, segundo Mateus Pereira, uma absolvição ou desresponsabilização por ações criminosas.[17]

A CNV estimulou os historiadores a refletirem sobre as dimensões éticas e políticas de seu trabalho e sobre suas responsabilidades sociais. A temática da ditadura civil-militar brasileira possui um inegável componente político que se projeta sobre o presente e o futuro, e, por isso, é necessário relativizar as antinomias construídas entre cientificidade e militância, profissionalização e compromisso social.

Ao explicitar as dimensões políticas que atravessam o ofício do historiador, possibilita-se entender como seu trabalho contribui para a conformação de determinadas culturas históricas e de memórias sociais, inserindo-o na dimensão dos usos públicos da história, para utilizar a expressão de Habermas.[18] Ao mesmo tempo, demonstra-se as discrepâncias muitas vezes existentes entre as demandas e expectativas de setores da sociedade em relação aos historiadores, exigindo uma atuação como autoridade, juiz e testemunha, assegurando o que deve ser feito para evitar que não se repitam os erros do passado; e sobre as limitações da disciplina e do ofício.

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Bibliografía

  • Silveira Bauer, Caroline. Como será o passado? História, historiadores e a Comissão Nacional da Verdade. Jundiaí: Paco, 2017.
  • Teles, Edson and Renan Quinalha. Espectros da ditadura: da Comissão da Verdade ao bolsonarismo. São Paulo: Autonomia Literária, 2020.
  • Bevernage, Berber. Historia, memoria y violencia estatal. Buenos Aires: Prometeo, 2015.

Vínculos externos

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[1]A CNV foi criada em 2011 através da Lei n. 12.528, de 18 de novembro, e iniciou seus trabalhos alguns meses depois, após a de posse dos comissários ocorrida em 16 de maio de 2012. O relatório final, com milhares de páginas, foi entregue a então presidenta Dilma Rousseff em cerimônia realizada no Palácio do Planalto no dia 10 de dezembro de 2014. Analisar a criação da comissão e seu trabalho ao longo desses quase dois anos extrapolaria os objetivos e a dimensão deste texto. Importa, neste momento, ressaltar seu papel nas reflexões sobre a história e os historiadores. Cf. Carlos Artur Gallo, “A Comissão Nacional da Verdade e a reconstituição do passado recente brasileiro: uma análise preliminar da sua atuação,” Estud. sociol. 20, n. 39 (jul.-dez. 2015): 327-345 e Alessandra Gasparotto, “Apontamentos (e desapontamentos) em relação à criação da Comissão Nacional da Verdade no Brasil” in Cone Sul em tempos de ditadura: reflexões e debates sobre a história recente, ed. Enrique Serra Padrós (Porto Alegre: Ed. da Ufrgs, 2013): 235-250.
[2] Ricardo Santhiago tem reforçado em suas produções a especificidade da recepção dos debates sobre a história pública no Brasil, em função de configuração do campo e das características da atuação profissional e do mercado de trabalho no país: Ricardo Santhiago, “Duas palavras, muitos significados: alguns comentários sobre a história pública no Brasil” in História Pública no Brasil: sentidos e itinerários, eds. Ana Maria Maud and Juniele Rabelo de Almeida (São Paulo: Letra e Voz, 2016): 23–36.
[3] Fabio Santos and Marcelo Rangel, “Algumas palavras sobre giro ético-político e história intelectual,” Revista Ágora, n. 21 (2015), 8.
[4] Dominique LaCapra, “Trauma, ausencia, pérdida” in Escribir la historia, escribir el trauma, ed. Dominique LaCapra (Buenos Aires: Nova Visión, 2005), 86.
[5] Daniel Feierstein, Memorias y representaciones: sobre la representación del genocidio (Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2012), 20.
[6] Daniel Feierstein, Memorias y representaciones: sobre la representación del genocidio (Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2012), 20–21.
[7] Richard Vernon, Historical redress: must we pay for the past? (Londres: Continuum International, 2012), 7.
[8] Paul Ricoeur, “Conceito de responsabilidade: ensaio de análise semântica” in O justo 1: a justiça como regra moral e como instituição, ed. Paul Ricoeur (São Paulo: Martins Fontes, 2008), 35.
[9] Paul Ricoeur, “A marca do passado,” História da historiografia, n. 10 (Dec. 2012), 344.
[10] Paul Ricoeur, “Conceito de responsabilidade: ensaio de análise semântica” in O justo 1: a justiça como regra moral e como instituição, ed. Paul Ricoeur (São Paulo: Martins Fontes, 2008), 36–37.
[11] Uma das primeiras vozes a se pronunciar pela presença de historiadores entre os comissários da CNV foi a Associação Nacional de Historiadores (Anpuh). No interregno entre a promulgação da lei e a posse dos membros da comissão, a Anpuh articulou a indicação de um historiador para coordenar os trabalhos de investigação e pesquisa. No dia 12 de janeiro de 2012, a associação divulgou uma nota intitulada “Comissão da Verdade: entre a memória e a história”, em que justificava sua demanda através das habilidades que os historiadores possuiriam para realizar pesquisas historiográficas e problematizar a memória, e da autoridade dos historiadores. De acordo com um trecho do documento, “eles [os historiadores] têm o dever e a capacidade de pensar os temas tratados em tão importante fórum não apenas pelas lentes afetivas da memória, mas também pela perspectiva racional da História. Por isso, sua presença é imprescindível nos trabalhos da Comissão da Verdade e nos debates por ela suscitados que, com certeza, mobilizarão a sociedade brasileira no próximo ano.” Cf. Anpuh, “Comissão da Verdade: entre a memória e a história,” last accessed March 19, 2017, http://site.anpuh.org/index.php/2015-01-20-00-01-55/noticias2/ item/543-posicao-da-anpuh-sobre-a-participacao-dos-historiadores-nacomissao-da-verdade.(last accessed 4 October 2021).
[12] Marc Bloch, já em meados do século XX, afirmava que a história não deveria ser vista como uma disciplina normativa, que, extrapolar suas funções compreensivas e explicativas e ao reivindicar a possibilidade de julgar, os historiadores não se transformam em “juízes”, mas sim em censores. Outros historiadores denunciaram um processo de “judicialização da memória” através da promulgação do que foi chamado de “leis memoriais”, que determinam o que pode ser esquecido ou lembrado e de que forma, estabelecendo responsabilizações penais. Outros, ainda, recusaram-se a desempenhar uma função de “expertise” nos tribunais, como Henry Rousso e Tzvetan Todorov. No caso do Brasil, alguns historiadores opuseram-se à presença desses profissionais nos trabalhos da CNV, como Carlos Fico. Cf. Carlos Fico, “Vídeo-palestra sobre Comissão da Verdade,” last accessed March 19, 2017, https://goo.gl/1YvlxG (last accessed 4 October 2021).
[13] Ricardo Santhiago, “História pública e autorreflexividade: da prescrição ao processo,” Tempo e Argumento 10, n. 23 (2018): 286–309.
[14] Alguns problemas no desenvolvimento de trabalho colaborativo foram analisados por Elazar Barkan em artigo publicado na American Historical Review. Cf. “Introduction: historians and historical reconciliation,” American Historical Review 114, n. 4 (out. 2009): 899–913.
[15] Alessandro Portelli, História oral como arte da escuta (São Paulo: Letra e Voz, 2016): 23.
[16] María Pía Lara, Narrar el mal: una teoría posmetafísica del juicio reflexionante (Barcelona: Gedisa, 2009): 19.
[17] Mateus Henrique de Faria Pereira, “Nova direita? Guerras de memória em tempos de Comissão da Verdade (2012–2014),” Varia História 31, n. 57. (Sep.–Dec. 2015): 863.
[18] Enzo Traverso, “Historia y memoria: notas sobre un debate” in Historia reciente: perspectivas y desafíos para un campo en construcción, eds. Marina Franco and Florencia Levín (Buenos Aires: Paidós, 2007): 78.

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Créditos de imagen

PNUD Brasil © 2014 Comissão Nacional da Verdade CC BY 2.0 via Commons.

Citar como

Silveira Bauer, Caroline: A história, os historiadores e os passados traumáticos. In: Public History Weekly 9 (2021) 8, DOI: dx.doi.org/10.1515/phw-2021-18865.

Editorial Responsibility

Catalina Muñoz Rojas


20th-century experiences of political violence have motivated debates about history as a field and about historians and their social functions. One controversial idea is that history provides examples of human rights violations that, if heeded, prevent history from repeating itself. This notion has been criticized since non-repetition cannot be guaranteed. Controversy has also risen around historians being involved in developing memory policies, or, in other words, in implementing such policies in public space.

Traumatic Pasts

In Brazil, the creation of a National Truth Commission (BNTC) [1] and the reception of debates on public history [2] have further sparked the debate on historians implementing memory policies. A decade after the BNTC’s establishment, this essay explores various issues that dealing with traumatic pasts and public history raise for history and historians. What follows is inspired by the recent creation of memory policies in Brazil, as well as by transformations in Brazilian historiographical culture, which allow for some generalizations and comparisons beyond the Brazilian case.

Truth Commissions

Truth commissions are institutions created to clarify human rights violations. They can be part of a country’s memory policies, and their work can take place during transitional justice processes. From a historiographical point of view, these commissions raise theoretical-epistemological questions about the notion of truth, about the relationship between history and memory, and about the modes of articulating the past, present, and future; they also touch on the social function of historians and on the ethical turn of historiography.[3] This essay addresses the social demands on historians and their contributions based on their practices and their knowledge when dealing with traumatic pasts.

Let’s begin with the relationship between history and truth commissions. Historical narratives can contribute to reparation processes by investigating and disclosing the circumstances of human rights violations, and by naming both the victims and the perpetrators of such crimes. For Dominique LaCapra, the inscription of these episodes—not only in the writing of history but also from a psychoanalytic perspective—enables mourning processes through “symbolic funeral[s]” aimed at restoring that dignity to the victims that their executioners  denied them.[4]

If, however, historians are going to contribute effectively to mourning and reparation processes, they must use specific concepts and theories that incorporate human rights violations into the historical narrative. This was a reflection made by Daniel Feierstein about the last Argentine dictatorship (1976–1983). He analyzed the differences in the construction of social memory through concepts such as “war,” “state terrorism,” “crimes against humanity” and “genocide” (the latter being his conceptual and theoretical choice).[5] Feierstein notes that the conceptualization used to characterize and explain the phenomena of the 1970s in Argentina can contribute to or hinder elaborating on the past, since historical narratives are not neutral. Rather, they have subjective and social effects and consequences, and can give way to re-traumatization, the perpetuation of impunity, and even the prolongation of terror.[6]

Historical redress is a rather complex issue. As I mentioned at the beginning, different events in the 20th century meant that the demands on historians went beyond understanding, explaining, and interpreting the past. Expressions such as “historical indebtedness,” “historical justice,” “historical responsibility,” and “the court of history” have become frequent both in public debates and in historiography. Likewise, traumatic pasts are often referred to as histories characterized by distortions, omissions, and silences, requiring historians to produce a “definitive version” of these facts.

Reparations

In general, social demands for “reparations” from history and historians do not refer to punishment, that is, criminal justice, but rather to a form of compensatory [7] or retributive [8] justice. They may achieved by establishing historical narratives that demonstrate causal links and determine who the victims are and who is responsible for human rights violations.

This demand is usually presented as “historical indebtedness,” in an understanding of the past as a burden on the present and the future,[9] “a past that does not pass,” and which generates obligations, such as the duty to remember. If a debt is to be repaired, that is because injustice was committed—in this case, a “historical injustice,” the absence of a social recognition of crime, criminals, and victims, all of which configure forgetting and silencing policies. Therefore, it is necessary to resolve these silencing policies. This “accountability” for the past implies developing a narrative as a form of “moral accounting,” and of assigning responsibility.[10]

This enables history to contribute, as a form of resistance, to policies of oblivion and silencing. It also promotes denialism, which aims to destroy history and the remembering of victims. However, certain social demands on history and historians cannot be fulfilled, especially those regarding the pedagogical function of history in relation to the idea of ​​non-repetition. Unfortunately, there is no guarantee that things will “never happen again.” Now this does not mean that history does not offer important pedagogical lessons and have equally vital social functions (e.g. fighting negationism and helping create a democratic culture); however, non-repetition cannot be guaranteed through a knowledge of history.

And yet, there is no consensus among historians about whether or not they should sit on truth commissions. On the one hand, the adherents justify their stance by arguing that historians can contribute their expertise to analyzing primary and secondary sources, and thus to help shape another version of the past, one different from those based on witness accounts.[11] On the other hand, the opponents argue that neither the historical sciences nor historians can play the normative role of a judge.[12]

Public History and Traumatic Pasts

As mentioned, the participation of historians in truth commissions might problematize some professional aspects and the social function of historians. These questions touch on a particular element of the reception and appropriation of public history in Brazil: namely, as a field that awakens self-reflection among its practitioners, especially about the historian’s practice and audiences.[13]

As for the professional aspects, working in truth commissions allows historians to practice public history, and to engage in collaboration [14] and “shared authority” with other professionals and with witnesses. Doing so also enables historians to preserve memories (archives and memorials) and to disseminate historical knowledge.

For example, Alessandro Portelli, when studying the massacre in the Ardeatinas Fosse, which took place in Rome in 1944, stated that his contribution as a historian went beyond “reparation” or “restitution,” by being present “in the elaboration and articulation of the community’s knowledge and in the dissemination of this knowledge beyond its borders.”[15] The work of historians, in Portelli’s case through oral history and in collaboration with other actors involved in truth commissions, contributes to the construction of social memory about traumatic pasts. And, based on this process, societies can hold their “collective moral trials,” as María Pia Lara has put it.[16]

Considering the social function of history, as brought to the fore by traumatic pasts, historians can help explain how “memory battles” work, and how history is circulated and consumed. And they can present their strategies, tactics, and projects. Interventions in public debate are especially important in the face of historical denial: not only as a means of presenting historical-factual criticism capable of deconstructing negationist arguments, but also as a means of explaining that denialist narratives are an ideological and propagandistic strategy of anti-democratic and anti-intellectual projects.

Acceptable Versions of the Past

Thus beyond instituting “factual truth,” historians can reinforce the idea that, if history consists of multiple versions of the past, not all versions are acceptable. Not all narratives are based on scientific rigor and ethical commitment. According to Mateus Pereira, historical denial—which is characterized by a rhetoric marked by distortions, idealisms, and justifications—aims to absolve or deny responsibility for criminal actions.[17]

The BNTC encouraged historians to reflect on the ethical and political dimensions of their work and on their social responsibilities. Studying Brazil’s civil-military dictatorship has an undeniable political component, which, moreover, is projected onto the present and the future. Therefore, it is necessary to consider the antinomies established between scientificity and militancy and between professionalization and social commitment.

Making explicit the political dimension that intersects the work of historians enables understanding how they contribute to forming certain historical cultures and social memories, and to inserting these into the “public uses of history,” as Habermas put it.[18] At the same time, such explicitness allows us to see the discrepancies often existing between the demands and expectations that some sectors of society impose on historians, and thereby require them to act as authorities, judges, and witnesses, in order to prevent past mistakes from being repeated. This is a complex debate about the limitations of the discipline and the craft of history.

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Further Reading

  • Silveira Bauer, Caroline. Como será o passado? História, historiadores e a Comissão Nacional da Verdade. Jundiaí: Paco, 2017.
  • Teles, Edson and Renan Quinalha. Espectros da ditadura: da Comissão da Verdade ao bolsonarismo. São Paulo: Autonomia Literária, 2020.
  • Bevernage, Berber. Historia, memoria y violencia estatal. Buenos Aires: Prometeo, 2015.

Web Resources

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[1] The BNTC was created in 2011 and began its work a few months later, after its inauguration on May 16, 2012. With thousands of pages, the final report was delivered to President Dilma Rousseff in a ceremony held at the Palácio do Planalto on December 10, 2014. Analyzing the commission’s creation and its work over those almost two years lies beyond the scope of this essay. It is important, however, to emphasize the role the commission has played in reflections on history and historians. See Carlos Artur Gallo, “A Comissão Nacional da Verdade e a reconstituição do passado recente brasileiro: uma análise preliminar da sua atuação,” Estud. sociol. 20, n. 39 (Jul.–Dec. 2015): 327–345 e Alessandra Gasparotto, “Apontamentos (e desapontamentos) em relação à criação da Comissão Nacional da Verdade no Brasil,” in Cone Sul em tempos de ditadura: reflexões e debates sobre a história recente, ed. Enrique Serra Padrós (Porto Alegre: Ed. da Ufrgs, 2013): 235–250.
[2] Ricardo Santhiago’s work has emphasized the specific reception of debates on public history in Brazil. Among others, this reception is due to the configuration of the field, the characteristics of professional performance, and the labor market in Brazil. See: Ricardo Santhiago, “Duas palavras, muitos significados: alguns comentários sobre a história pública no Brasil” in História Pública no Brasil: sentidos e itinerários, eds. Ana Maria Maud and Juniele Rabelo de Almeida (São Paulo: Letra e Voz, 2016): 23–36.
[3] Fabio Santos and Marcelo Rangel, “Algumas palavras sobre giro ético-político e história intelectual,” Revista Ágora, n. 21 (2015), 8.
[4] Dominique LaCapra, “Trauma, ausencia, pérdida” in Escribir la historia, escribir el trauma, ed. Dominique LaCapra (Buenos Aires: Nova Visión, 2005), 86.
[5] Daniel Feierstein, Memorias y representaciones: sobre la representación del genocidio (Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2012), 20.
[6] Daniel Feierstein, Memorias y representaciones: sobre la representación del genocidio (Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2012), 20–21.
[7] Richard Vernon, Historical redress: must we pay for the past? (Londres: Continuum International, 2012), 7.
[8] Paul Ricoeur, “Conceito de responsabilidade: ensaio de análise semântica” in O justo 1: a justiça como regra moral e como instituição, ed. Paul Ricoeur (São Paulo: Martins Fontes, 2008), 35.
[9] Paul Ricoeur, “A marca do passado,” História da historiografia, n. 10 (Dec. 2012), 344.
[10] Paul Ricoeur, “Conceito de responsabilidade: ensaio de análise semântica” in O justo 1: a justiça como regra moral e como instituição, ed. Paul Ricoeur (São Paulo: Martins Fontes, 2008), 36–37.
[11] One of the first voices to speak out in favor of the presence of historians among BNTC commissioners was the National Association of Historians (Anpuh). In the intervening period between the promulgation of the BNTC law in 2011 and the investiture of the commission members, Anpuh articulated the appointment of a historian to coordinate the research work. On January 12, 2012, the association released a note entitled “Truth Commission: between memory and history,” in which it justified appointing a historian to coordinate the research efforts, arguing that historians possess the skills to conduct historiographic research and to problematize memory. According to an excerpt from the document, “they [the historians] have the duty and the capacity to think about the themes dealt with in such an important forum not only through the affective lenses of memory but also through the rational perspective of history. For this reason, their presence is essential in the work of the Truth Commission and in the debates it raises, which, for sure, will mobilize Brazilian society in the next year.” See Anpuh, “Comissão da Verdade: entre a memória e a história,” last accessed March 19, 2017, http://site.anpuh.org/index.php/2015-01-20-00-01-55/noticias2/ item/543-posicao-da-anpuh-sobre-a-participacao-dos-historiadores-nacomissao-da-verdade.(last accessed 4 October 2021).
[12] In the mid-twentieth century, Marc Bloch stated that that history should not be seen as a normative discipline. By extrapolating its comprehensive and explanatory functions and claiming the possibility of judging, historians do not become judges but censors. Other historians have denounced the judicialization of memory by promulgating what has been called “memorial laws,” which determine what and how a subject can be remembered or forgotten, thus establishing criminal accountability. Still, others have refused to play an “expert” role in the courts, such as Henry Rousso and Tzvetan Todorov. In the case of Brazil, some historians opposed the presence of these professionals in the BNTC. See, for instance, Carlos Fico, “Vídeo-palestra sobre Comissão da Verdade,” last accessed March 19, 2017, https://goo.gl/1YvlxG (last accessed 4 October 2021).
[13] Ricardo Santhiago, “História pública e autorreflexividade: da prescrição ao processo,” Tempo e Argumento 10, n. 23 (2018): 286–309.
[14] Elazar Barkan has analyzed some of the problems of developing collaborative work in “Introduction: historians and historical reconciliation,” American Historical Review 114, n. 4 (out. 2009): 899–913.
[15] Alessandro Portelli, História oral como arte da escuta (São Paulo: Letra e Voz, 2016): 23.
[16] María Pía Lara, Narrar el mal: una teoría posmetafísica del juicio reflexionante (Barcelona: Gedisa, 2009): 19.
[17] Mateus Henrique de Faria Pereira, “Nova direita? Guerras de memória em tempos de Comissão da Verdade (2012–2014),” Varia História 31, n. 57. (Sep.–Dec. 2015): 863.
[18] Enzo Traverso, “Historia y memoria: notas sobre un debate” in Historia reciente: perspectivas y desafíos para un campo en construcción, eds. Marina Franco and Florencia Levín (Buenos Aires: Paidós, 2007): 78.

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PNUD Brasil © 2014 Comissão Nacional da Verdade CC BY 2.0 via Commons.

Recommended Citation

Silveira Bauer, Caroline: History, Historians, and Traumatic Pasts. In: Public History Weekly 9 (2021) 8, DOI: dx.doi.org/10.1515/phw-2021-18865.

Editorial Responsibility

Catalina Muñoz Rojas

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  1. Spanish version below. To all readers we recommend the automatic DeepL-Translator for 22 languages. Just copy and paste.

    OPEN PEER REVIEW

    Beyond propaedeutics

    The text “History, historians, and traumatic pasts” is an eloquent testimony to the complexity of the practice of public history in Brazil – an aspect which, in many ways, resembles other neighboring Latin American countries, with recent pasts also marked by dictatorships and human rights violations. The piece was written, and I have read it, in a context of enormous perplexity in the face of attacks on democracy and rationality, invariably extrapolated in authoritarian actions geared to produce symbolic invisibility and, as we have seen more recently, to entail a necropolitical management with concrete consequences on the human life.

    A key reading for anyone interested in the history of memory and the conflicting processes of its construction and dispute, the text offers an epistemologically hopeful approach to a socially discouraging process. It examines elements that from the point of view of democratic life, equity, and social justice in Brazil, are clots, but that – what a small consolation! – have acted as a powerful impulse for the historians to reflect on their in public debates.

    The author presents a meticulous synthesis of a complex set of discussions that unveils from what, only initially, he/she names as “the social functions of historians” and “the ethical turn of historiography”. Her merit, here, consists in repositioning as a problem the social, political, and cultural engagement that public history – when seen under an immediately applied light – takes as an assumption. They are limits, aporias, impossibilities interposed between the historian’s goals and achievements: the author recognizes them in her ethical critique of history, in which her analysis of truth commissions serves almost as a method, as a pretext. When he/she writes “non-repetition cannot be guaranteed through knowledge of history”, the adverb “unfortunately” (omitted in the English translation but present in the Portuguese-language manuscript) is as significant as the main clause.

    But the author traces, in the second part of her text, a bifurcated path for which public history – when aware of its limits – is a robust vehicle. One trail leads to more history, and many of us have traveled it, getting involved in historical dissemination projects, public programs, audiovisual productions, urban memory tours, game design, etc. Another trail leads – and this is a particularly perceptive comment – ​​to better history: to public history as a tool for deconstructing other discourses (usually “more public” than ours, in terms of reach) and their fallacies, lies, manipulations.

    In her moderately optimistic reflection, the author intensifies efforts to rescue public history from the utilitarian threat that always haunts it. He/she returns it to a larger contexture whose condition is to “consider the antinomies built between scientificity and militancy and between professionalization and social commitment”, and whose effect can be, ultimately, not only to maximize the reach and to perfect the forms in which “historical content” is delivered, but to comment, and thus to reinforce, the historical method itself, the historical thinking, and the historians.

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    Para além da propedêutica

    O texto “A história, os historiadores e os passados traumáticos” é um testemunho eloquente da complexidade da prática da história pública no Brasil – aspecto no qual, em muitos sentidos, ela se afina à de outros países latinos vizinhos, com passados recentes também marcados por ditaduras e violações de direitos humanos. Ele foi escrito, e é por mim lido, em um contexto de enorme perplexidade diante de ataques à democracia e à racionalidade, invariavelmente extrapolados em ações autoritárias de invisibilização simbólica e, como se tem visto mais recentemente, de gestão necropolítica com consequências concretas sobre a vida humana.

    Leitura importante para todos os que se interessem pela história da memória e pelos processos conflitivos de sua construção e disputa, o texto oferece uma visada epistemologicamente esperançosa para processos socialmente desencorajadores. Ele examina elementos que consistem em coágulos do ponto de vista da vida democrática, da equidade e da justiça social no Brasil, mas que – mínimo consolo! – têm se configurado em estímulos poderosos para a reflexão do historiador sobre o seu papel em debates públicos.

    O/a autor/a apresenta uma síntese meticulosa de um conjunto complexo de discussões que descerra a partir daquilo que, apena a título inicial, que nomeia como “funções sociais dos historiadores” e “giro ético-político da historiografia”. Seu mérito, aqui, é o de recolocar como problema um tipo de engajamento social, político e cultural que a história pública – quando tomada em uma perspectiva imediatamente aplicada – assume como pressuposto. São limites, aporias, impossibilidades interpostas entre os propósitos e as consecuções do historiador: o/a autor/a as reconhece em sua crítica ética da história, na qual a análise das comissões da verdade torna-se quase um método, quase um pretexto. Quando ele/ela escreve “infelizmente, não há como garantir um ‘nunca mais’”, o advérbio é tão significativo quanto a oração que o sucede.

    Mas o/a autor/a traceja, na segunda parte de seu texto, um caminho bifurcado para o qual a história pública – quando ciente de seus limites – é um veículo robusto. Uma trilha leva a mais história, e muitos de nós a temos percorrido, envolvendo-nos em projetos de divulgação histórica, programas públicos, produções audiovisuais, roteiros urbanos de memória, planejamento de jogos, etc. Outra trilha leva – e este é um comentário particularmente perceptivo – a melhor história: à história pública como uma ferramenta de desconstrução de outros discursos (em geral “mais públicos” que os nossos, em termos de abrangência) e suas falácias, mentiras, manipulações.

    Em sua reflexão moderadamente otimista, o/a autor/a intensifica os esforços de resgate da história pública da ameaça utilitarista que sempre a ronda. Ele/a a devolve a uma contextura maior cuja condição é “relativizar as antinomias construídas entre cientificidade e militância, profissionalização e compromisso social”, e cujo efeito pode ser, em última instância, não apenas maximizar o alcance e aperfeiçoar a forma de entrega de “conteúdos históricos”, mas comentar e, assim, fortalecer, o próprio método histórico, o pensamento histórico e os historiadores.

  2. To all readers we recommend the automatic DeepL-Translator for 22 languages. Just copy and paste.

    Shadows of the past in Brazil?

    In Brazil, part of the current political public sphere has subverted democracy and installed undemocratic engagements in public spaces. The public demonstrations held during the celebration of Brazil’s independence and the presidential speech caused outrage. The grotesque scene of this political theater mixed the public clamor for a military government and the threat of impeachment of the members of the Brazilian Supreme Court by President Jair Messias Bolsonaro. These senses of the past that refute history and memory policies, such as that of the National Truth Commission (2011), make us think about the role of public historians and the sensitive pasts of Brazil and Latin America.

    The populist discourse expresses itself in public spaces and social networks as the excesses of political passions.[1] From this process comes the erosion of democracy, the ghost of military dictatorship, and the return of a violent past that does not pass.[2] In this case, this kind of public perception of the past occurs through fake news, the exaltation of the leader, whose rhetoric has the public’s consent in a symbolic sense of place, the Three Powers Square (Brasília).

    First of all, the politics of memory are not collapsed only by negationist historical narration. The process is complex, but one must consider the distance between the people and the political system, the unmet social needs, the widespread corruption, even during the Covid-19 pandemic, etc. These elements were likely decisive in the rise of a populist government in Brazil. A government marked by authoritarianism and fascist traits, whose policies have proven to be harmful to health, education, the environment, the economy, culture, vulnerable social groups, and the democratic system itself. Populism is a threat to democracy, but it does not mean its destruction. On the contrary, it seeks answers to the disfiguration of democracy, reducing politics to the dimension of will and judgment. The problems of populism are the imbalance between political decisions and value judgments and the leader’s ability to subtract from the people their power to judge and demand answers.[3]

    Second, the text that opens this issue refers to the politics of emotions and politics sharing the sensitivity in public spaces. Public history is attentive to the performative aspect of memory, focusing on studies of the manipulation of emotions throughout history, the contestation of systems of power, and the organization of public spaces.[4] What seems to be without reason is a political strategy of emotions. The stories of political actors are manipulated in the same way as speeches in public spaces and social networks. It is about the political use of emotions.

    For example, Hugo Chávez Frías (1954-2013) called himself the “magician of emotions.” Jair Bolsonaro proclaims, “Brazil above everything. God above all”, “the people began to free themselves from socialism,” or even, “our flag will never be red.”[5] And if it is essential to understand the public uses of history, equally timely is engagement in public and virtual areas through the interfaces between public history, public art, and public pedagogy. One example of online activism is that of Eduardo Ledesma. He questions digital cannibalism and encourages popular participation in digital culture through poetry to contest and subvert hegemonic systems and the destruction of Brazilian forests.[6]

    [1] Pierre Ansart, La gestion des passions politique (Lausane: L’Âge d’Homme, 1983).
    [2] Steven Levitsky, Daniel Ziblat, How democracies die. (New York: Penguin Random House, 2018).
    [3] Nadia Urbinati. Me the people: how populism transforms democracy (Cambridge: Massachusetts, Harvard University Press, 2019).
    [4] Ludvine Bantigny, S’engarer: politique, événement et générations, in Alain Corbin (Paris, Éditions du Seuil, 2017), 188-223.
    [5] Frédérique Lange, “Escrever a história do tempo presente ou o império das emoções”, In Novas sensibilidades na América Latina: ensaios de história e literatura, ed. Michel Kobelinski, (Curitiba: CRV, 2016) 63-70.
    [6] Hilda Chacón, Online Activism in Latin America (New York: Routledge, 2018).

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